[Salmo 80, 17]
"O Senhor alimentou o seu povo com a flor da farinha
e saciou-o com o mel do rochedo."
Dt 8, 2-3.14b-16a
«Deu-te o alimento, que nem tu nem os teus pais tinham conhecido»
Numa época de grande prosperidade económica, em que o povo de Israel corria o risco de se esquecer de Deus e de se fechar no seu egoísmo, o autor sagrado lembra-lhe a experiência do deserto. Durante essa longa caminhada, em que sentiu ao vivo a sua fraqueza, os bens necessários à vida (a alimento, a água, a libertação da escravidão, a proteção no meio dos perigos) não foram dádivas do amor de Deus? Esquecer agora, na abundância, esse amor paternal de Deus, seria uma ingratidão.
Mas seria também uma loucura. O homem, com efeito, não pode viver só de pão. Satisfeita toda a fome que sente (fome de justiça, de liberdade, de paz) ele pode sentir-se ainda infeliz. O alimento espiritual, «a palavra, que sai da boca de Deus» (Mt. 4, 4), é-lhe indispensável para viver sobre a terra.
Leitura do Livro do Deuteronómio
Moisés falou ao povo, dizendo: «Recorda-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, para te atribular e pôr à prova, a fim de conhecer o íntimo do teu coração e verificar se guardarias ou não os seus mandamentos. Atribulou-te e fez-te passar fome, mas deu-te a comer o maná que não conhecias nem teus pais haviam conhecido, para te fazer compreender que o homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca do Senhor. Não te esqueças do Senhor teu Deus, que te fez sair da terra do Egipto, da casa de escravidão, e te conduziu através do imenso e temível deserto, entre serpentes venenosas e escorpiões, terreno árido e sem águas. Foi Ele quem, da rocha dura, fez nascer água para ti e, no deserto, te deu a comer o maná, que teus pais não tinham conhecido».
Palavra do Senhor.
Salmo 147, 12-13.14-15.19-20
Jerusalém, louva o teu Senhor.
Ou: Aleluia.
Glorifica, Jerusalém, o Senhor,
louva, Sião, o teu Deus.
Ele reforçou as tuas portas
e abençoou os teus filhos.
Estabeleceu a paz nas tuas fronteiras
e saciou-te com a flor da farinha.
Envia à terra a sua palavra,
corre veloz a sua mensagem.
Revelou a sua palavra a Jacob,
suas leis e preceitos a Israel.
Não fez assim com nenhum outro povo,
a nenhum outro manifestou os seus juízos.
1 Cor 10, 16-17
«Há um só pão, formamos um só corpo»
Pão vivo descido do Céu, verdadeiro maná, na caminhada da vida, a Eucaristia realiza a nossa incorporação em Cristo morto e ressuscitado e, por Ele, na Igreja, que é também Corpo de Cristo. O Pão Eucarístico é assim não apenas sinal, mas alimento de unidade entre os cristãos e destes com Deus.
Comungar o Corpo e o Sangue de Cristo é, pois, comungar o amor que Jesus tem pelo Pai e pelos homens. Cada Comunhão devia ser para nós um compromisso de unidade. Unidade que não deve manifestar-se apenas na assembleia litúrgica, mas deve abranger toda a vida.
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo são Paulo aos Coríntios
Irmãos: Não é o cálice de bênção que abençoamos a comunhão com o Sangue de Cristo? Não é o pão que partimos a comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só pão, nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo, porque participamos do mesmo pão.
Palavra do Senhor.
Terra, exulta de alegria, Quanto possas tanto ouses, Hoje a Igreja te convida: Este pão – que o mundo creia Eis o pão que os Anjos comem | Em sinais prefigurado, Bom pastor, pão da verdade, Aos mortais dando comida,
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Jo 6, 51
Eu sou o pão vivo descido do Céu, diz o Senhor.
Quem comer deste pão viverá eternamente.
Jo 6, 51-58
«A minha carne é verdadeira comida, o meu sangue é verdadeira bebida»
A Eucaristia é tão desconcertante para os homens do nosso tempo, como os sinais realizados por Jesus o foram para os seus contemporâneos. Contudo, aqueles que foram testemunhas da Ressurreição, como João, e aqueles que, hoje, têm fé em Jesus, sabem muito bem que o Filho de Deus feito Homem, vindo para trazer a vida ao mundo, não Se limitou a dar-nos as Suas palavras ou o Seu exemplo. Deu-nos também, na Eucaristia, a Sua Carne e o Seu Sangue, isto é, a Sua Pessoa.
Aqueles que, na pobreza da fé, souberem acolher a Cristo, sob o sinal sacramental, unir-se-ão à Sua Morte e Ressurreição, entrarão no Seu mistério, receberão a Vida.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha Carne, que Eu darei pela vida do mundo». Os judeus discutiam entre si: «Como pode Ele dar-nos a sua Carne a comer?». Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a Carne do Filho do homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha Carne é verdadeira comida e o meu Sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele. Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também aquele que Me come viverá por Mim. Este é o pão que desceu do Céu; não é como aquele que os vossos pais comeram, e morreram; quem comer deste pão viverá eternamente».
Palavra da salvação.
«Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
permanece em Mim e Eu nele, diz o Senhor.»
(Cf. Jo 6, 57)
[Outras Sugestões]
Nota:
«Nesta Celebração destaca-se, como é próprio do tempo em que nasceu, uma Procissão pelas ruas de cada terra.
Manifestação pública da nossa fé, esta Procissão é o anúncio explícito da afirmação da certeza de que Jesus é Aquele que dá sentido ao caminho da nossa própria vida.
Quinta-Feira Santa é o dia da instituição da Eucaristia. Antecipação da paixão, morte e ressurreição do Senhor, ela é a expressão da grandeza do mistério pascal, no que ele significa de plenitude de Amor de Deus por todos e cada um de nós. Enquanto centro da vida cristã, é dela que tudo brota e para onde tudo se encaminha. E foi certamente por isso que a Igreja sentiu necessidade de lhe dedicar mais um dia de festa: a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, vulgarmente conhecida por Corpo de Deus, instituída pelo Papa Urbano IV em 1264 e celebrada 60 dias depois da Páscoa, na segunda quinta-feira a seguir ao Pentecostes.» (In Patriarcado de Lisboa)
Como contributo para uma melhor vivência espiritual desta manifestação pública de fé, nas comunidades onde esta se realiza, apresentamos um conjunto de cânticos possíveis:
- Procissão
- Antes da Benção com o Santíssimo Sacramento
- Reposição do Santíssimo Sacramento